27 de março de 2011

Vinicius de Moraes


“Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia.”
Vinicius de Moraes


Com os belos versos de Poética (II) inicio essa postagem direcionada aos alunos das 7as. séries da escola Bispo, de Jundiaí, que estão trabalhando no projeto Semana Vinicius de Moraes, nas aulas de Leitura e Produção de Textos. Eles organizarão uma exposição de trabalhos e materiais recolhidos sobre o poeta.



Biografia



Poeta, compositor, intérprete e diplomata brasileiro, nasceu no Rio em 19/10/13 e faleceu na mesma cidade em 09/07/80. Escreveu seu primeiro poema aos sete anos. Fez curso de Direito no Rio e de Literatura Inglesa em Oxford. Ingressou na carreira diplomática, por concurso, em 1943, tendo servido como vice-cônsul em Los Angeles (1947-50), o que abriu sua temática, posteriormente enriquecida pelo seu interesse em teatro e cinema. Serviu também em Paris (duas vezes) e Montevidéu.

Interessado em cinema desde estudante, foi crítico e censor cinematográfico. Como delegado brasileiro, participou de vários festivais internacionais de cinema (Cannes, Berlim, Locarno, Veneza e Punta del Leste) e, em 1966, foi membro do Júri Internacional de Cannes).

Aos 19 anos publica seu primeiro livro de versos, Caminho para a Distância, e aos 22, Forma e Exegese (ganhador do Prêmio Felipe d'Oliveira de 1935). Em 1936 sai Ariana, a Mulher, que é o apogeu de sua primeira fase, impregnada de sentido místico. Começou então a usar uma sintaxe mais popular, e sua lírica se carrega de sensualismo a partir de Cinco Elegias (1938) e Poemas, Sonetos e Baladas (1948), enriquecendo-se depois com temas de sentido social. Publica também Livro de Sonetos, Procura-se uma Rosa e Para Viver um Grande Amor. O lirismo (muitas vezes sensual) é a sua marca registrada.

Seu drama Orfeu da Conceição (1953), montado para o teatro em 1956 e transposto para o cinema por Macel Camus em 1959 (como Orfeu Negro), ganhou neste ano a Palma de Ouro do Festival de Cannes e o Oscar de Hollywood como o melhor filme estrangeiro.

Na década de 60 junta-se a jovens músicos no movimento conhecido como Bossa Nova, mesclando elementos de samba e jazz. Comporia, junto com Tom Jobim, a música Garota de Ipanema, símbolo de uma época.

Uma grande quantidade de poemas seus foi posteriormente musicada.

Escreveu também poesias infantis.



Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br/





Modernismo Brasileiro



Nas décadas de 30 e 40, a poesia brasileira vive um dos melhores dos seus momentos. Trata-se de um período de maturidade e alargamento das conquistas dos modernistas da Primeira Geração. Maturidade, porque já não a necessidade de escandalizar os meios culturais e acadêmicos. Sem radicalismos e excessos, os poetas sentem-se à vontade tanto para escrever um poema com versos livres quanto para fazer um soneto.

A geração de 30 e 45,volta-se para questões universais do homem e para os problemas da sociedade capitalista.

Em Vinícius de Moraes, a temática universalizante também estará presente, embora suplantada por uma poesia personalista. Ele completa o grupo dos principais poetas da geração do modernismo brasileiro.

Poeta espiritualista, desenvolve uma poesia intimista e reflexiva, de profunda sensibilidade feminina, reforça a tendência de sua geração. Contudo, a sua obra trilha caminhos próprios, caminha cada vez mais para uma percepção material da vida, do amor e da mulher. Partindo de uma poesia religiosa e idealizante, chega a ser um dos poetas mais sensuais de nossa literatura.



Características


Como poeta, Vinícius situa-se entre o grupo de poetas religiosos que se formou no Rio de Janeiro entre os anos 30-40. Quando publicou sua Antologia poética, em 1955, Vinícius de Moraes advertiu que sua obra consistia de duas fases “ A primeira , transcendental, freqüentemente mística, resultante de sua fase cristã, termina com o poema “Ariana, a mulher”, editado em 1936. Na segunda fase “estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação ao mundo material, com difícil mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos.

A partir de poemas, sonetos e baladas, dá-se a superação da angústia e da melancolia; o poeta integra-se à realidade, e sua poesia adquire um ritmo mais tranqüilo e uma expressão mais coloquial, exulta, simples e direta. Nessa fase, sua temática ganha novas características universalizantes e sociais.

Poeta lírico por excelência, em sua segunda fase, Vinícius alia temas modernos a mais apurada forma clássica de composição, o soneto, deixando-nos obras primas, como o poema abaixo:



Soneto de Fidelidade


"De tudo ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto


Que mesmo em face do maior encanto


Dele se encante mais meu pensamento.



Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto


E rir meu riso e derramar meu pranto


Ao seu pesar ou seu contentamento



E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive


Quem sabe a solidão, fim de quem ama



Eu possa me dizer do amor (que tive) :


Que não seja imortal, posto que é chama


Mas que seja infinito enquanto dure."



A partir dos anos 60 afasta-se da poesia e entrega-se de corpo alma à música.